A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os eventos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, deputada Eliziane Gama (PSD-MA), anunciou nesta terça-feira (17) os nomes dos primeiros indicados para serem indiciados por sua suposta participação na tentativa de golpe de estado. Essa ação ocorreu quando vândalos invadiram as sedes dos Três Poderes. Entre os 61 nomes listados no relatório, destacam-se o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e vários outros militares e autoridades.
Os crimes pelos quais os indicados poderão ser indiciados, caso o relatório seja aprovado pela comissão, incluem associação criminosa, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito e golpe de Estado. O relatório especificamente pede o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por associação criminosa, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, tentativa de depor um governo legitimamente constituído e emprego de medidas para impedir o livre exercício de direitos políticos.
A relatora argumentou que a tentativa de golpe moderno não se baseia em soldados, tanques ou ações militares tradicionais, mas sim na disseminação de desinformação e ódio, especialmente nas redes sociais. Ela enfatizou que símbolos nacionais foram usados para unir aqueles que se consideravam patriotas, e forças paramilitares foram formadas para evitar que o golpe parecesse uma ação direta contra as instituições democráticas.
Eliziane Gama destacou que Bolsonaro, desde o início de seu governo, teria minado as instituições democráticas e alimentado a violência política, incentivando confrontos com aqueles que discordassem de sua ideologia. Ela citou discursos em que Bolsonaro sugeriu que o país precisaria de uma guerra civil com um grande número de mortes para efetuar mudanças, além de suas alegações infundadas sobre a fraude nas urnas eletrônicas.
A lista de indicados incluiu não apenas figuras do governo, mas também indivíduos condenados por envolvimento em atos de violência, como a tentativa de explodir um caminhão de combustíveis próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. Além disso, o relatório mencionou os integrantes do chamado “gabinete do ódio” e seus supostos envolvimentos.
É importante ressaltar que parlamentares bolsonaristas apresentaram relatórios paralelos, contestando as acusações e focando em uma suposta omissão do governo federal durante os eventos de 8 de janeiro, demonstrando a polarização política que continua a permear o cenário político brasileiro.