Uma batalha pelo domínio da vanguarda em tecnologia de veículos elétricos e híbridos está em tela no cenário brasileiro. Enquanto Vila Velha desponta como referência em importação de automóveis – sobretudo da China –, as montadoras chinesas já planejam investimentos em energia solar e pesquisa de ponta, em outra cidade do Brasil, o que ameaça o protagonismo canela-verde nesse setor específico, ecoando ainda como um desafio para a cidade e o Estado.
O recente anúncio da montadora chinesa BYD sobre o lançamento de um laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de painéis solares em Campinas, no interior paulista, foi um claro sinal do interesse crescente de São Paulo em se tornar um polo tecnológico para veículos elétricos e fontes renováveis de energia.
Trata-se do primeiro laboratório da América Latina a estudar todo o ciclo da produção dos módulos fotovoltaicos, começando pelo beneficiamento do minério de silício, que é a principal matéria prima desta indústria.
O investimento de R$ 65 milhões na empreitada da BYD em Campinas evidencia a busca daquela região por liderança, no ciclo de produção de módulos fotovoltaicos.
Essa movimentação estratégica da BYD, prevendo a instalação do “Battery Service Center” em solo brasileiro, intensifica a competição entre Campinas e Vila Velha. A chegada desse braço de suporte para produtos que usam baterias da BYD – não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina – coloca a cidade paulista em posição desafiadora, ameaçando o desempenho que Vila Velha começou a consolidar em 2023.
Stella Li, CEO da montadora BYD nas Américas, declarou que Campinas (além de Camaçari, na Bahia) seria o “Vale do Silício brasileiro”, o que reforça a ofensiva de São Paulo em se tornar um centro de excelência para veículos elétricos. A intenção da BYD em abrir mais de 100 concessionárias no Brasil até 2024 também deixa clara a estratégia agressiva da empresa, visando ao aumento das vendas no país.
O crescimento do mercado de veículos elétricos no Brasil, antes marginal, alcança atualmente 3,6% de participação no mercado: realidade que desperta o interesse de Campinas em liderar esse setor, que está em ascensão. A projeção de Stella Li (de abocanhar uma participação de mercado de 10% em três anos), aguça a competição entre a cidade paulista e Vila Velha pelo domínio tecnológico do setor automotivo.
Enquanto a BYD promove uma visão ambiciosa de transformar o Brasil em um polo tecnológico comparável a Shenzhen, a presença de mais de 600 mil funcionários em todo o mundo e um arsenal de pesquisa substancial alimentam a força desta concorrência.
Com São Paulo intensificando seu potencial e estratégias para se tornar um líder em tecnologia de veículos elétricos, Vila Velha enfrenta uma acirrada disputa pelo protagonismo neste setor.