Após 87 anos de operação sob a administração da Infraero, o Aeroporto de Congonhas, localizado na zona Sul de São Paulo, deu início a uma nova era na manhã desta terça-feira (17). O primeiro voo sob a gestão da concessionária espanhola Aena aterrissou com sucesso, marcando um novo capítulo na história da movimentada instalação aeroportuária.
O Gol 1553, proveniente de Recife, foi o pioneiro em pousar no terminal paulistano sob a administração da Aena, aterrissando pontualmente às 6h03 da manhã. Pouco depois, o voo Azul 4006 decolou às 6h09, com destino a Belo Horizonte, inaugurando as operações de decolagem no novo cenário.
Os passageiros que frequentam o Aeroporto de Congonhas em breve notarão as mudanças planejadas para melhorar a experiência de viagem. Alterações imediatas incluirão a reforma das salas de embarque remoto, a modernização de banheiros e a renovação da fachada do terminal. No entanto, a maior transformação ocorrerá nos próximos anos, com a construção de um novo terminal que deverá ser concluído em 2028, conforme estipulado no contrato de concessão.
Santiago Yus, diretor-presidente da Aena Brasil, compartilhou os planos de desenvolvimento do novo terminal durante uma coletiva de imprensa realizada no aeroporto. Ele explicou que a apresentação de um projeto básico à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ocorrerá em breve, com o início das obras previsto para o segundo semestre de 2024. A execução das melhorias está planejada de forma a não interromper as operações do aeroporto, fazendo uso do horário noturno e evitando qualquer perturbação aos residentes vizinhos.
O novo terminal será construído nas áreas atualmente ocupadas pelos hangares das companhias aéreas Gol, Azul e Latam. Ele será integrado ao terminal existente, e o desafio será realizar as obras sem interromper as operações do Aeroporto de Congonhas, que é o segundo mais movimentado do Brasil, ficando atrás apenas do Aeroporto de Guarulhos. O novo terminal de Congonhas terá uma área de 80 mil metros quadrados, quase o dobro do tamanho do terminal atual.
Congonhas é reconhecido como o segundo aeroporto mais movimentado do país até agosto do ano passado, quando 14 milhões de passageiros passaram por suas instalações. Antes da pandemia, em 2019, a movimentação chegou a 22,2 milhões de passageiros. A expectativa é que, ao final do contrato de concessão de 30 anos, o fluxo de passageiros alcance a marca de 30 milhões de pessoas.
A Aena planeja também implementar mudanças na área externa do aeroporto, com a criação de novas áreas para embarque e desembarque de passageiros que utilizam aplicativos de transporte. A empresa já contratou 450 funcionários e agora é responsável pela gestão de 100 contratos de serviços.
Além do novo terminal, outras melhorias planejadas incluem a revitalização das pistas de táxi, a ampliação do pátio de aeronaves com novas posições de contato e iniciativas de sustentabilidade e ambientais. Os recursos para essas obras ainda não foram definitivamente definidos, mas a empresa está considerando opções de crédito bancário.
Yus, da Aena, também mencionou a possibilidade de expandir os voos internacionais a partir de Congonhas, bem como a adição de voos para destinos como Belém, Boa Vista e Manaus, que atualmente operam no Aeroporto de Guarulhos. Ele garantiu que o Aeroporto de Congonhas manterá duas pistas de operação, a fim de garantir que o terminal não seja paralisado em caso de problemas. Atualmente, o aeroporto opera das 6h às 23h e acomoda 44 voos por hora, entre pousos e decolagens.
Os passageiros agora podem acessar informações de voos no novo site da Aena Brasil em www.aenabrasil.com.br, que substitui o site anterior da Infraero. O processo de transição ocorreu de forma tranquila, com treinamento extensivo de funcionários, resultando em uma inspeção de bagagens no raio-X de apenas cinco minutos e 95% de pontualidade nas operações durante a primeira hora sob a administração da concessionária espanhola.
Em agosto do ano passado, a Aena venceu a licitação para operar 11 aeroportos no Brasil, incluindo o Aeroporto de Congonhas. A empresa começou suas operações no país pelo Aeroporto de Uberlândia e outros seis aeródromos no Nordeste. A Aena já investiu cerca de R$ 2 bilhões em melhorias, tecnologia, segurança e conforto nas instalações aeroportuárias.
Ao final do processo de concessão, a Aena estará presente em nove estados brasileiros, gerindo 17 aeroportos que representam aproximadamente 20% do tráfego aéreo nacional. A Aena Brasil é uma subsidiária da espanhola Aena, uma das maiores operadoras aeroportuárias do mundo em termos de passageiros, com mais de 275,2 milhões em 2019 apenas na Espanha.
No entanto, os desafios são significativos, incluindo a construção do novo terminal, a coordenação da transferência de contratos de serviços existentes e a acomodação das necessidades de diversas partes interessadas. Os moradores vizinhos, a aviação executiva e a demanda por voos internacionais são fatores que a Aena Brasil deve considerar enquanto busca aprimorar as operações do Aeroporto de Congonhas.
A internacionalização do terminal é uma possibilidade real, mas requer coordenação com o governo federal, além da adaptação das operações de controle de fronteira pela Polícia Federal. Aena Brasil está interessada em avaliar a possibilidade de atrair voos atualmente operados no Aeroporto de Guarulhos.
Por fim, o Aeroporto de Congonhas continuará operando com suas duas pistas, embora a retomada da operação simultânea